19 de setembro de 2008

Amanhã.

Naquela tarde chuvosa, Sofia resolveu olhar as montanhas. O vento fazia as árvores se mexerem de uma forma, que ela nunca havia visto antes.
Sentada no chão, como costuma fazer, Sofia acendeu um cigarro e ficou sentindo aquele vento gelado no rosto, sentindo sua franja voar de um lado para o outro.

Aquela tarde era cinza. A única cor que existia era a do fogo. Queimando seu cigarro.
Ficou assustada com a beleza das coisas. Aquele dia estava diferente.
Tacou o cigarro longe, e viu a brasa se espalhar pelo chão, saltando alto, como se celebrasse alguma coisa.
Naquela tarde ela podia ser o que quisesse. Tudo estava numa harmonia nunca vista antes.
O zumbido do vento, o balançar das árvores e a franja de Sofia, eram uma coisa só. Um elemento único. Equilibrado.

Equilíbrio talvez fosse o que faltava nela.
Sofia sempre quis ser tudo, mas na verdade sabia que não era nada. Teve vontade de ser diversas coisas. Nada fez.
Ficar sentada ali, olhando aquela estranha e tão equilibrada tarde, fez ela ter vontade de se levantar e gritar. Um grito sufocado.
Pediu que aquele vento forte a levasse pra longe dali, pra algum lugar com respostas.
Esperou um tempo. Um bom tempo. Lembrou de diversas coisas. Boas e Ruins. Não obteve nenhuma resposta.

Quando de fato, a lua assumiu aquele céu cinza, ela abandonou aquele dia.
Deixou pra trás, todas as promessas que havia feito para si mesma.
Levantou-se e foi para casa. Dormiu.

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